sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Férias - Museu Língua Portuguesa

Férias!

- Queria assistir "Divertidamente", vamos amanhã?

- Ah, mamãe. Eu já vi - Aaaaffff!!! Ela e seus baldes de água fria!!! - Queria ir no Catavento!

- De novo???? - Ela já tinha ido umas quatro vezes no último bimestre!

- Ah... Um museu então... sei lá....

Uau!!! Museu!!! Culta!!! rs..... Nunca sugeri à minha mãe que me levasse a um museu!!! Vergonha!!! Respondi:

- Hummmm... vamos no Museu da Língua Portuguesa???

Ela fez cara de desconfiada... Aposto que achou temerário Língua Portuguesa nas férias, mas ao invés disso apenas perguntou:

- É legal isso?

- Dizem que é bem interativo...

- O que é interativo?

- É quando tem atividades que a gente consegue participar de alguma forma...

- 'Participar' com Língua Portuguesa???

- Dizem que é!

- Hum... Tá bom!

Demos uma olhadinha no site, conferimos horários e preços e lá fomos nós...

O museu fica nas instalações da Estação da Luz - uma das estações ferroviárias mais movimentadas de São Paulo. Histórica por ter sido uma das primeiras construções da cidade, mesmo que em outros moldes... 

Chegamos uns quinze minutinhos antes das 14h00, horário da visita monitorada e optamos por aguardar... entre uma fotinho e outra... claro!!! rssss....





O monitor chegou pontualmente e logo começamos nossa pequena "excursão" pela rua, calçada, prédio, saguões. Apenas nós três, o que tornava tudo mais pessoal e aconchegante, e estávamos maravilhadas com a carga histórica daquele lugar.

Lugar encantador, tanto pela poesia própria de uma estação ferroviária, como pela arquitetura (o projeto é Inglês, o que a faz irmã gêmea da estação de trem do Harry Potter! O que, por si só, já conquistou minha filha!), mas também marcado por erros, lágrimas, disputas, despedidas, crimes.

Grana! Negócios! Gente!

Berço de dores, fracassos, progresso, alegrias, mentiras.

Orgulho!!!

Verdades!!!

Vergonha!!!

A sobriedade do lugar espantava tanto quanto a História.

O museu da Língua Mãe misturado à história das raízes. 

Ser conhecedor da real história faz diferença. Sentir a história é carregar em si o peso da verdade e a responsabilidade da opção entre valorizá-la ou não.




Carregávamos poesias e detalhes que, sem o contexto histórico, passariam despercebidos e que, talvez, passassem por nós rotulados meramente como "arquitetônicos" e "belos". 

Passamos por salas e corredores diversos, desde aqueles cujo acesso é restrito e pouco visitado, guardadores de segredos, até os mais disputados e iluminados - públicos! 



Percebíamos que, assim como o prazer e a beleza, a história nos envolve e agora as palavras também.

As palavras nos rodeavam, grudadas na luz como insetos. Zumbindo na alma, ansiosas para que notássemos suas possibilidades.

Participamos de dinâmicas que nos provaram que as palavras tem asas, o que as torna maiores que os sentidos, e  toda essa "loucura" nos atinge como vento... Pássaros no ar!!




E por aí, nessa loucura de sentir, vamos tendo noção em escala de nossas próprias possibilidades: infinitas, rasantes, profundas, umbilicais.



Como um encerramento, a última sala é branca, simples, adornada apenas com um grande relógio, com uma mesa comprida, repleta de livros também brancos, cujos títulos eram elas: as palavras... cada uma reinando no seu próprio exemplar branco, como se fossem donas de um mundo feito por infinitas promessas.


Naquele ambiente, desprovido de realidade ou sugestões, onde o tempo deixava de ser numérico para ser morfológico, qualquer momento era perfeito para registrar nosso "infinito particular" (obrigada, Marisa Monte! Adoro essa expressão e suas músicas também! rs). O tempo inteiro! 


Três foram os registros que guardei, e que, portanto, se tornaram infinitamente maiores que as chamas que, tempos depois, devastaram nosso museu das palavras, como se elas, finalmente, estivessem livres para voar.

"Sem direção, segui meus passos para um encontro com quem me embala na solidão da minha busca.
Busca que não ousa comparações.
Uma busca só minha.
Sentido único!
As palavras me esperavam atentas para um abraço solidário.
Elas me entendem, eu sei!
Procuro uma versão mais refinada de mim, mas talvez elas a tenham primeiro que eu."

Lela

"E num labirinto eterno, sem cores e sem saída, se encontra um mundo de poesias."

Clara

E a imagem de uma amiga, Cristina Oliveira, que também guarda o gosto pelos sentires que causam as letras: 

Cristina Oliveira e sua poesia em mosaico - em dezembro de 2015.

P.S.: Nossa visita foi em julho de 2015. A de Cristina, em dezembro do mesmo ano, poucos dias antes de as chamas visitarem o museu da Língua Portuguesa. A boa notícia é que, além de estar sendo reconstruído e, como as palavras são imortais, o museu continua atuando de forma itinerante em nosso território, mostrando que apenas o que é material pode ser destruído... Algumas páginas foram queimadas... queimou a cobertura onde antes voavam sedutoras palavras... O mistério é que a mesma dor trazida pela tragédia, faz poesia em nossa alma. Então, pegue seu verso! Abriu-se a gaiola! Libertaram-se as palavras! Apanhe algumas e registre-se! Use o poder e faça-se imortal!



A gente se (re)escreve por aí!!! ;)

Grande beijo, e uma infinidade de letras para todos nós,

Lela s2 abssjggyegdjbsxjksndfisruhfisndkn =)



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